Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como finalidade:
1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;
2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;
3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.
Veja a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à escrita maior clareza e simplicidade.
Ponto Final ( . )
O ponto final representa a pausa máxima da voz. A melodia da frase indica que o tom é descendente. Emprega-se, principalmente:
- para fechar o período de frases declarativas e imperativas.
Exemplos:
Contei ao meu namorado o que eu estava sentindo.
Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar.
- nas abreviaturas.
Exemplos:
Sr. (Senhor)
Cia. (Companhia)
Ponto de Exclamação ( ! )
O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente.
Exemplos:
"Como as mulheres são lindas!" (Manuel Bandeira)
Pare, por favor!
Ah! que pena que ele não veio...
Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático.
Por Exemplo:
Ana! venha até aqui!
Ponto de Interrogação ( ? )
O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta. A entoação ocorre de forma ascendente.
Exemplos:
Onde você comprou este computador?
Quais seriam as causas de tantas discussões?
Por que não me avisaram?
Obs.: não se usa ponto interrogativo nas perguntas indiretas
Por Exemplo:
Perguntei quem era aquela criança.
Dois-pontos ( : )
O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente:
- para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.
Por Exemplo:
"Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz :
– Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos)
- para anunciar uma citação.
Por Exemplo:
Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."
- para anunciar uma enumeração.
Por Exemplo:
Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.
- antes de orações apositivas.
Por Exemplo:
Só aceito com uma condição: Irás ao cinema comigo.
- para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.
Exemplos:
Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas.
Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão.
Em resumo: Montei um negócio e hoje estou rico.
Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma.
Exemplos:
ratificar/retificar, censo/senso, etc.
Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente).
Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.
- na invocação das correspondências.
Por Exemplo:
Prezados Senhores:
Convidamos a todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa.
Atenciosamente,
A Direção
Travessão ( – )
O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:
- no discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.
Por Exemplo:
– O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.
- para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.
Por Exemplo:
"E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)
- para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto.
Por Exemplo:
"Junto do leito meus poetas dormem
– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)
- para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.
Por Exemplo:
"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia)
Vírgula ( , )
A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação do período. Geralmente é usada:
- nas datas, para separar o nome da localidade.
Por Exemplo:
São Paulo, 25 de agosto de 2005.
- após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.
Por Exemplo:
– Você gostou do vestido?
– Sim, eu adorei!
– Pretende usá-lo hoje?
– Não, no final de semana.
- após a saudação em correspondência (social e comercial).
Exemplos:
Com muito amor,
Respeitosamente,
- para separar termos de uma mesma função sintática.
Por Exemplo:
A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.
Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.
- para destacar elementos intercalados, como:
a) uma conjunção
Por Exemplo:
Estudamos bastante, logo, merecemos férias!
b) um adjunto adverbial
Por Exemplo:
Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.
Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a locução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo, a não ser que a ênfase o exija.
c) um vocativo
Por Exemplo:
Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.
d) um aposto
Por Exemplo:
Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular.
e) uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc.)
Por Exemplo:
O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em Deus.
- para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.
Por Exemplo:
O documento de identidade, você trouxe?
- para separar elementos paralelos de um provérbio.
Por Exemplo:
Tal pai, tal filho.
- para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo.
Por Exemplo:
As flores, eu as recebi hoje.
- para indicar a elipse de um termo.
Por Exemplo:
Daniel ficou alegre; eu, triste.
- para isolar elementos repetidos.
Exemplos:
A casa, a casa está destruída.
Estão todos cansados, cansados de dar dó!
- para separar orações intercaladas.
Por Exemplo:
O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.
- para separar orações coordenadas assindéticas.
Por Exemplo:
O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.
- para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas orações alternativas.
Exemplos:
Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio.
Vá devagar, que o caminho é perigoso.
Estuda muito, pois será recompensado.
As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.
Emprega-se o travessão para:
Indicar a mudança de interlocutor no diálogo:
- Que gente é aquela, seu Alberto?
- São japoneses.
- Japoneses? E... é gente como nós?
- É. O Japão é um grande país. A única diferença é que eles são amarelos.
- Mas, então não são índios?
Colocar em relevo certas palavras ou expressões:
( ) Os parênteses são empregados para:
Destacar num texto qualquer explicação ou comentário:
Todo signo lingüístico é formado de duas partes associadas e inseparáveis, isto é, o significante (unidade formada pela sucessão de fonemas) e o significado (conceito ou idéia).
(;) Usa-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.
Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
Separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.
Separar vários itens de uma enumeração:
As reticências são empregadas para:
Assinalar interrupção do pensamento:
- Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência de que fiz o meu dever. Mas o mundo saberá...
(" ") As aspas são empregadas:
antes e depois de citações textuais:
Roulet afirma que "o gramático deveria descrever a língua em uso em nossa época, pois é dela que os alunos necessitam para a comunicação quotidiana".